Medicina de família: Porque faltam especialistas nessa área?
De acordo com dados da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2018, apesar da expressiva expansão do número de profissionais médicos a desigualdade na distribuição dos profissionais pelo País ainda é um problema marcante. A desigualdade pode ser notada não apenas nas regiões do país, mas também quando se avalia capitais e cidades do interior. A maior parte dos registros de profissionais médicos em atividade está nas capitais.
Outro dado preocupante e revelado pelo estudo foi que essa má distribuição de médicos atinge também as especialidades médicas: quatro especialidades concentram quase 40% dos especialistas. Clínica médica, 11% do total; Pediatria, 10,3%; Cirurgia Geral reúne 8,9% e Ginecologia e Obstetrícia, 8% dos titulados.
Esses dados mostram, também, que a especialidade mais carente de médicos no Brasil é a Medicina de Família. De 4.061 entrevistados pela pesquisa, apenas 58 tinham interesse na formação específica em medicina de família.
A Medicina de Família é a especialidade médica que cuida das pessoas ao longo do tempo, independente do problema de saúde, do sexo, da idade, ou do órgão afetado pela doença. Essa especialidade visa o atendimento integral das pessoas, famílias e comunidade por meio de competências preventivas e terapêuticas. O médico de família é um especialista em atenção primária à saúde, portanto, deve ter formação geral que lhe permita ser o primeiro contato do paciente sempre que esse procure o serviço de saúde.
Os profissionais que se especializam em Medicina de Família podem acompanhar, por exemplo, crianças, fazer prevenções ginecológicas, urológicas e, caso veja necessidade, encaminhar o paciente para um especialista de outra área
Atualmente, no Brasil, esta é a área que mais precisa de expansão. O país tem cerca de 6 mil médicos de família e comunidade. Contudo, para alcançar a proporção ideal que define que de 30% a 50% de todos os médicos de um país precisam ser especialistas em medicina da família, o Brasil precisaria de 40 mil a 45 mil médicos nessa área.
Um dos problemas por trás dessa falta de interesse é o fato de que os médicos de família não são valorizados socialmente. Muitas pessoas consideram a Medicina de Família menos complexa que outras especialidades, mas isso é um mito. O médico de família, por conhecer e acompanhar o paciente por toda a vida, leva em consideração o contexto biológico, psicológico e social, reconhecendo que a enfermidade está fortemente ligada à personalidade e à experiência de vida da pessoa.
Através do médico de família se produz o ingresso aos Sistemas Locais e Nacionais de Saúde de maneira escalonada, coordenada, eficaz e eficiente. Quando isto não ocorre, gera-se uma relação caótica que produz a desorganização dos serviços de saúde, encarecimento dos mesmos, inequidade, falta de acessibilidade e diminuição da cobertura para uma alta porcentagem da população.
O fortalecimento da Medicina de Família está diretamente vinculado a organização do sistema de saúde. Países com sistemas de saúde mais justos para toda a população têm forte atenção primária, com priorização do número de médicos com especialização em Medicina de Família.
Diante desse cenário de má distribuição de especialidades, impedir que médicos pós-graduados registrem e divulguem seus títulos de especialistas adquiridos por meio de um pós-graduação gera reserva de mercado e, consequente, sério prejuízos à saúde no País.
A luta da Abramepo é com o objetivo de garantir que o processo de formação de médicos especialistas não seja prejudicado e, principalmente, garantir que médicos pós-graduados possam exercer suas capacitações em plenitude.
Conheça mais sobre a causa em www.abramepo.com.br
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